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Cirurgia bariátrica e pedra na vesícula – qual a relação?

É muito comum as pessoas me perguntarem se todas os pacientes que fazem a cirurgia bariátrica terão pedra ou cálculo na vesícula. Antes de responder, vou citar aqui as principais causas da colecistolitíase, que é o nome técnico do problema: obesidade, dieta rica em gordura, colesterol alto, perda rápida de peso e fatores genéticos.

Então, sim, o paciente submetido à cirurgia bariátrica, devido à rápida perda de peso, tem um risco cinco vezes maior de desenvolver essa doença do que a população geral, mas nem toda pessoa que faz a bariátrica terá pedra na vesícula. Estima-se que de 20% a 30% dos pacientes bariátricos desenvolvem a doença, independentemente da técnica utilizada. É importante lembrar que, como a obesidade também é uma das causas, muitos pacientes obesos que iniciam o processo para a cirurgia bariátrica já possuem pedras na vesícula.

Nem sempre a pedra da vesícula apresenta sintomas. Nesses casos, o paciente acaba descobrindo a existência dela em um ultrassom de rotina. Quando apresenta, os mais comuns são dor abdominal (normalmente no lado direito superior), aproximadamente 30 minutos após a alimentação, podendo acontecer náuseas e vômitos. O tratamento é sempre cirúrgico, através da colecistectomia, que é a retira da vesícula.

O melhor momento para a retirada da vesícula vai depender de cada paciente. Se ele não tiver qualquer sintoma, nós fazemos a cirurgia bariátrica e, depois de cerca de um ano, quando ele já perdeu bastante peso, retiramos a vesícula. Caso ele apresente dor, pode ser recomendado que faça a colecistectomia antes da bariátrica. Podemos até fazer as duas juntas, mas como aumenta o tempo cirúrgico, esses casos são exceções.

A vesícula biliar é um órgão localizado no abdômen, conectado à via biliar, que tem como função armazenar a bile, um líquido produzido pelo fígado que participa da digestão de gorduras.

É possível viver perfeitamente sem a vesícula. Nos primeiros meses após a cirurgia, o paciente pode ter um pouco de diarreia após consumir alguns tipos de alimentos. Mas o corpo vai se adequando à ausência dela e, como o passar do tempo, o paciente não sente mais qualquer alteração.

Na maioria dos casos, a retirada da vesícula é feita por videolaparoscopia. A cirurgia é realizada mesmo nos pacientes sem sintomas para evitar que, futuramente, ela inflame, causando o que chamamos de colecistite aguda. Daí é necessário fazer uma cirurgia de urgência, já que há risco de morte para o paciente.

Artigo por Dr. Admar Concon Filho