Vamos começar do começo. Qualquer paciente, independentemente da idade, para fazer cirurgia bariátrica, precisa se enquadrar em critérios internacionais. O principal deles é o IMC (Índice de Massa Corporal). Podem realizar o procedimento pacientes com IMC acima de 40 kg/m² ou com IMC entre 35 kg/m² e 39,9 kg/m², desde que tenham comorbidades, que são doenças causadas pela obesidade, como diabetes e hipertensão. Também é necessário comprovar que realizou, por pelo menos dois anos, tratamentos clínicos para a obesidade, sem resultados satisfatórios.
Mas voltando ao tema do artigo, a idade também deve ser considerada na hora de fazer a cirurgia bariátrica. Via de regra, não há restrição de idade para pacientes que tenham entre 18 e 65 anos. Pacientes com mais de 65 anos podem fazer, mas é preciso ser um pouco mais criterioso na indicação e avaliar os prós e contras, além de considerar a opinião de toda a equipe multidisciplinar.
No caso dos adolescentes, com idade entre 16 e 18 anos, é possível realizar a cirurgia bariátrica quando, além de o paciente se enquadrar nos critérios já citados, também há um consenso entre família, paciente e equipe multidisciplinar. A rigidez é um pouco maior quando o paciente tem menos de 16 anos. Como ele ainda está em desenvolvimento, é necessário olhar com mais cuidado e, normalmente, a cirurgia só é aprovada quando ele possui alguma síndrome genética. É recomendado que os riscos sejam avaliados por dois cirurgiões bariátricos e por toda a equipe multidisciplinar. Também é fundamental que a família esteja de acordo e se comprometa a acompanhar o paciente durante a recuperação.
A obesidade pode causar muitos impactos na vida de um adolescente. Além dos problemas de saúde, também há o fator psicológico. A adolescência é uma fase de grandes transformações, e o adolescente acima do peso, por questões estéticas, pode ter dificuldade de relacionamento e até desenvolver depressão. A obesidade é uma doença e, no caso dos adolescentes, é muito importante que a família esteja atenta e busque ajuda profissional o quanto antes.
O número de cirurgias bariátricas em adolescentes vem crescendo em nosso País. No ano passado, segundo a Sociedade de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), foram realizados 2.100 procedimentos, na rede particular, em pacientes nessa faixa etária. O número é 218% maior que em 2008. Os dados são da rede particular porque os planos de saúde não são obrigados a cobrir a cirurgia bariátrica em pacientes com menos de 18 anos. Portanto, cabe a cada plano autorizar ou não a realização. Mas, sem a obrigatoriedade, as dificuldades são maiores nesse processo.
Um dos motivos que levam a esse aumento é, sem dúvida, a segurança da cirurgia, que aumentou muito nos últimos anos. Ser obeso é muito mais perigoso que fazer a cirurgia bariátrica. Equipamentos mais modernos, grampeadores mais seguros, técnicas mais modernas, como a videolaparoscopia, e drogas mais eficientes fizeram com que a cirurgia bariátrica se transformasse em um procedimento de baixo risco. Claro que todo procedimento cirúrgico tem seus riscos, mas, no caso da cirurgia bariátrica, eles diminuíram muito.
Alguns anos atrás, os riscos de complicação eram de cerca de 10%. Hoje, não chegam a 2%. A mortalidade também teve uma queda muito significativa. Quando a cirurgia bariátrica começou a ganhar mais destaque, no começo dos anos 2000, o índice de mortalidade era de 1,5%. Hoje, é de 0,1%. Podemos comparar esses riscos ao de uma cesárea ou de uma retirada de vesícula.
Mas é importante reforçar: a cirurgia bariátrica é muito eficiente e, sem dúvida, é o tratamento contra a obesidade com melhores resultados. Mas ela não é um milagre. O comportamento e o comprometimento do paciente têm um papel fundamental para que os resultados sejam positivos e, mais que isso, duradouros. No caso dos adolescentes, a participação, o incentivo e o apoio de todo o núcleo familiar são muito importantes.
Sobre Admar Concon Filho
Dr. Admar Concon Filho é cirurgião bariátrico, cirurgião do aparelho digestivo e médico endoscopista. Palestrante internacional, presidente do Hospital e Maternidade Galileo e fundador e coordenador do Grupo de Cirurgia Bariátrica de Valinhos. Também é membro titular e especialista pelo Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva, Colégio Brasileiro de Cirurgiões e Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva, além de membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica e membro da International Federation for the Surgery of Obesity and Metabolic Disorders. CRM – 53.577
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